sexta-feira, 17 de abril de 2015

Eu li: Parafusos, Zumbis e Monstros Espaciais de Juscelino Neco



Peguei este livro logo depois do lançamento e ficou na minha pilha de leitura por muito tempo, com minha mudança de estado fui vendo o que ia vir e o que ia ficar da coleção e esbarrei nele novamente. Decidi que ele ia viajar junto comigo. E não me arrependi da escolha.

Na história nela somos apresentados a Dolfilander (o pai do sujeito era um fã do Dolph Lundgren, mas na hora do registro saiu isso aí, só uma das inúmeras referências nerds da hq), um nerd que abandonou a faculdade para fazer seu grande filme, ele literalmente largou tudo, família, amigos, para se concentrar nisso, os meses se passaram e ele não conseguiu escrever, sua grande obra. Seu dinheiro o acabou e com isso veio a necessidade de começar a trabalhar, e a partir daí sua vida vira um grande saco, sem nada pra fazer e não querendo fazer nada, ele começa a trabalhar em uma lojinha onde passa os dias jogando Word of Warcraft. Tudo muda em um dia que ele está brincando com uma máquina de pregos e tenta colocar um parafuso nela, como é de se esperar isso emperra e quando ele tenta tirar, o objeto é lançado no meio de sua testa sem poder retirá-lo, sob o risco de se tornar um vegetal.

Dolfi VS Abomináveis monstros das neves mutante.
A partir dai ele decide levar a vida repleta de álcool e pornôs japoneses, até que uma noite conhece uma mulher num bar que da bola para ele. Após uma noite de sexo, nosso herói acorda numa banheira com gelo, e após verificar que seu rim não havia sido roubado, as coisas começam a ficar estranhas, Dolfi descobre que foi usado por um híbrido de mulher e aranha que havia usado o seu corpo para depositar os ovos para serem concebidos por ele. Para remediar a situação, ele passa por uma série de operações cirúrgicas que o transformam em um super-humano capaz de partir crânios com as mãos, se curar de todos ferimentos e comer 30 hambúrgueres em menos de uma hora. Fritas incluso. Tudo que qualquer nerd gostaria de fazer. Deste ponto em diante a história do paraibano Juscelino Neco parte para um lado trash pouco visto nas hqs e cheio de referências nerds, como o próprio autor me disse: "Acho que as minhas principais referências vem dos quadrinhos. Muito da produção alternativa europeia e estadunidense... Também gosto muito da estética dos filmes B. Pra mim, Evil Dead, O Massacre da Serra Elétrica e Fome Animal são obras-primas."

Então já viram né? São gangues despedaçadas, macacos gigantes socados, monstros das neves mutantes partidos ao meio e tudo lembrando muito um games de rpg, onde o personagem vai evoluindo a cada chefão de passa e vai ganhando novas armas até culminar no sonho de qualquer nerd. Uma motosserra na mão e uma horda de zumbis na sua frente. A felicidade do Dolfi nesta imensa matança zumbi é contagiante. 

Matança generalizada de zumbis = orgasmo nerd.
O autor começou como quase todos os leitores de quadrinhos e depois partiu para leituras mais underground: "Eu sempre li quadrinhos. Fui alfabetizado lendo Turma da Mônica. Mas só comecei a me interessar seriamente quando entrei na faculdade. Nessa época comecei a ler umas coisas que realmente me impressionaram, como Maus, Watchmen, Freak Brothers e, principalmente, a obra do Robert Crumb.", até começar a fazer suas próprias histórias, "Quando comecei a ler um material mais underground me bateu a ideia de tentar produzir alguma coisa... Isso por volta de 2003. No começo eu trabalhava de forma bem preguiçosa, tanto que só resolvi fazer um livro em 2012...". Ele acabou conseguindo fazer o que vários nerds estão tentando por aí, criar seu próprio universo e publicar numa editora. E isso é bem legal e me deixa mais empolgado para continuar com meus projetos.

Gostei muito da leitura, o texto é ágil e direto, seus diálogos são sarcásticos, sempre bem humorados e como dito antes, cheio de referências nerd, que vão desde a camiseta do Lanterna Verde até citações de várias hqs e filmes, outra coisa que torna a leitura muito prazerosa. 

Dolfilander partindo para o ataque.
E isso é exatamente o que o Juscelino queria quando escreveu "Acho difícil determinar exatamente de onde surgiu a ideia de Parafusos... Eu queria fazer algo que fosse divertido e que tivesse uma violência física extrema, quase cômica. Um tipo de leitura despretenciosa que eu curto muito mas que parece ter sumido do mercado. Acho que boa parte das HQs produzidas atualmente são muito profundas e entediantes."
Outra coisa que curti foram os desenhos simples e objetivo, com o dinamismo certo para o que o roteiro pede, mas que não poupa o leitor com todos os detalhes escatológicos que este tipo de história tem que ter.
Quem já leu a história, gostou e acha que aquele final poderia dar uma continuação legal, o autor disse que no momento não tem planos para isso, mas deu uma boa notícia, "Estou trabalhando num livro novo, uma comédia de humor negro com serial killers. Vai ser um quadrinho bem no estilo de Parafusos. Deve sair ainda esse ano pela Editora Veneta."

Falando nisso, não posso fechar a postagem sem falar também da Veneta, um editora relativamente nova mas que além de Parafusos, nos trouxe várias obras em quadrinhos que merecem uma conferida como A Arte de Voar, Sorge O Espião, Cumbe, Tungstênio e claro, o clássico do Alan Moore, Do Inferno. Todos valem muito a pena.

Zumbis, zumbis e mais zumbis.
Bom, recomendo muito esta hq, seja para fãs de filmes trash, de histórias divertidas e ultra violentas ou que só quer sair um pouco do eixo Marvel/DC, vale bastante a pena.

E aproveitem e deem um olhada no site do Juscelino e neste que ele faz paródias de cartazes de cinema com bichos de pelúcia.

Por hoje era isso, espero que tenham gostado.
Até a próxima paliteiros!

E aí, já leram? Vão ler? Gostaram? Comentem aí.





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